« Un matin, l’un de nous manquant de noir, se servit de bleu: l’impressionnisme était né. »
Pierre-Auguste Renoir (1841-1919)
De acordo com o famoso pintor impressionista francês, foi assim que teria nascido o impressionismo: numa certa manhã, faltando-lhe preto, um dos seus colegas usou a cor azul.
A história real é um pouco menos romântica...
Das mulheres e dos homens pré-históricos até os pintores dos anos 1850
A mãe natureza sempre foi uma das maiores fontes de inspiração artística. Podemos remontar à época das primeiras pinturas rupestres quando mulheres e/ou homens pré-históricos representavam animais selvagens nas paredes de cavernas, como na famosa Grotte Chauvet no Sudeste da França.
Aliás, é ao mesmo tempo infinitamente humilhante e intrigante ter que reconhecer que mulheres e/ou homens das cavernas, dezenas de milhares de anos atrás, já pintavam melhor do que eu, e sem a facilidade de uma caneta numa folha de papel.
Aliás, é ao mesmo tempo infinitamente humilhante e intrigante ter que reconhecer que mulheres e/ou homens das cavernas, dezenas de milhares de anos atrás, já pintavam melhor do que eu, e sem a facilidade de uma caneta numa folha de papel.
As mais belas artes rupestres pré-históricas são conservadas em grutas. Encontramos algumas pintadas em rochas externas, mas não são tão elaboradas. Um dos motivos é provavelmente que a erosão é menor em espaços confinados do que ao ar livre. Outra possível explicação é que os ambientes fechados são mais adaptados à realização de rituais. Mas este argumento pode facilmente ser refutado se formos verificar cultos célticos, gregos, romanos ou aztecas. De forma geral, creio que um ambiente fechado é simplesmente mais confortável e seguro para a execução de uma obra de arte. Imagino que era mais fácil pintar animais no abrigo de uma caverna que protegia destes mesmos animais do que tentar pintar ao ar livre.
Até meados do século XIX, de forma similar, os pintores ainda eram obrigados a pintar os seus quadros em ambientes fechados. Podiam até esboçar croquis ao ar livre, mas tinham que voltar aos seus estúdios-cavernas para continuar e finalizar as obras. O motivo é tristemente técnico: as cores tinham que ser preparadas e misturadas segundo um processo relativamente complexo, muito difícil de improvisar a céu aberto.
Até meados do século XIX, de forma similar, os pintores ainda eram obrigados a pintar os seus quadros em ambientes fechados. Podiam até esboçar croquis ao ar livre, mas tinham que voltar aos seus estúdios-cavernas para continuar e finalizar as obras. O motivo é tristemente técnico: as cores tinham que ser preparadas e misturadas segundo um processo relativamente complexo, muito difícil de improvisar a céu aberto.
A invenção do tubo
Em 1841, no entanto, o pintor John G. Rand inventou o primeiro tubo de tinta. Feito de estanho e selado com uma tampa de rosca, o novo tubo de Rand não vazia, podia ser aberto e fechado a vontade e ainda permitia conservar a tinta por bastante tempo. Não eram poucas as suas vantagens sobre a bexiga de porco, a melhor embalagem então disponível para armazenar tinta. Mas a principal vantagem desta nova embalagem era outra: cores...
Os pigmentos de tinta que os pintores ainda usavam na época praticamente não haviam mudado desde a Renascença. E tintas a óleo eram tão demoradas para produzir quanto rápidas para secar. Assim, os artistas eram condenados a preparar apenas algumas poucas cores e trabalhar somente em uma pequena área da tela de cada vez. Mas agora, os tubos de Rand permitiam aproveitar os novos pigmentos criados pelos químicos da revolução industrial.
Os pigmentos de tinta que os pintores ainda usavam na época praticamente não haviam mudado desde a Renascença. E tintas a óleo eram tão demoradas para produzir quanto rápidas para secar. Assim, os artistas eram condenados a preparar apenas algumas poucas cores e trabalhar somente em uma pequena área da tela de cada vez. Mas agora, os tubos de Rand permitiam aproveitar os novos pigmentos criados pelos químicos da revolução industrial.
Apesar de todos estes benefícios, a adoção do novo tubo demorou um pouco, especialmente por causa do seu custo. Mas a partir do final dos anos 1850, a Maison Lefranc (ainda existe) começou a comercializar um tubo melhorado que deslanchou na França. E pigmentos inéditos eram desenvolvidos em novos e modernos laboratórios.
Artistas podiam usar tintas que industriais haviam preparados e embalados para eles. Podiam usufruir ao ar livre de uma completa paleta de cores, reproduzir ao vivo todas as realidades cambiantes da luz natural, num campo, num jardim ou num café. Novos tubos, novas cores, novos quadros...
Historiadores da arte consideram que o pequeno tubo de tinta revolucionou a história da pintura. Possibilitou o desenvolvimento de um novo paradigma, um novo movimento, uma nova corrente artística que viria a inspirar tantas outras. Sem esta embalagem aparentemente simples, um artista como Claude Monet não teria pintado as suas obras de gênio, e o impressionismo não teria nascido...
Aliás, Renoir também disse:
« Sem cores em tubos, não haveria Cézanne, Monet ou Pissarro, e nem impressionismo. »
Você conhece outras realizações humanas que teriam sido impossíveis sem o desenvolvimento prévio de determinadas embalagens? Eu penso agora nas guerras napoleônicas e na viagem à lua....
Posts relacionados
Você também vai gostar de:
Out/15.
No comments:
Post a Comment