AFINAL, O QUE SÃO EMBALAGENS ATIVAS E INTELIGENTES?

Uma revolução tecnológica está chegando no mundo das embalagens...


Embalagens inteligentes?
Fonte: adaptação de um desenho disponível na Wikipedia

As primeiras embalagens inteligentes realmente começaram a aparecer nos mercados apenas alguns poucos anos atrás, e essencialmente na Europa, nos EUA e na AsiaAinda tem relativamente pouco material escrito sobre o tema, mesmo em Inglês, especialmente se for considerar a importância que devem tomar nos próximos anos e o tremendo impacto que terão sobre as nossas vidas.


Ainda não tem um artigo em Português na Wikipédia sobre embalagens ativas e embalagens inteligentes. E o próprio artigo em Inglês está longe de ser perfeito ou completo. De fato, o tema é relativamente novo.

As duas expressões, "embalagens ativas" e "embalagens inteligentes", representam conceitos relacionados. Por isso, são frequentemente mencionadas em conjunto. Em Inglês, aliás, active packaging e intelligent packaging são frequentemente agrupados sob a expressão mais genérica de smart packaging. Mas não existe equivalentes em Português. E mesmo se nada impede que uma embalagem seja ao mesmo tempo ativa e inteligente, são coisas distintas. 

Enquanto uma embalagem ativa interage com o produto, uma embalagem inteligente interage com o usuário. Enquanto as ativas constituem uma extensão da função de proteção da embalagem, as inteligentes constituem uma extensão da sua função de comunicação.



1. Adjetivos consagrados para as embalagens



Tanto a expressão "embalagem ativa" quanto "embalagem inteligente" pode levar a confusões.

Começamos por "inteligente". Este adjetivo pode significar muita coisa. Embalagens mais sustentáveis (mais sustentáveis que as suas versões anteriores), por exemplo, podem também ser consideradas de alguma forma como mais embalagens mais inteligentes. Faz muito sentido. Afinal, estas embalagens foram pensadas e criadas para se tornar melhores. São mais inteligentes. No entanto, a expressão "embalagem inteligente" já tem um significado muito particular e deve ser reservada para descrever algo diferente, algo muito mais específico.

A expressão "embalagem ativa" pode também gerar equívocos, pela sua possível confusão com outra embalagem ativa, a "embalagem com atmosfera modificada ativa". Mas apesar do adjetivo "ativo" aparecer nas duas expressões, o conceito de "embalagem com atmosfera modificada ativa" é bem diferente daquele de "embalagem ativa"Conforme explicado no valor das embalagens flexíveis no aumento da vida útil e na redução do desperdício de alimentos", uma embalagem com atmosfera modificada ativa (EAM ativa) é uma embalagem na qual o ar foi substituído por outros gases, uma mistura de gases desenvolvida especificamente para proteger o produto por mais tempo.

Esta expressão de "EAM ativa" foi criada para fazer a distinção com outro tipo de embalagem com atmosfera modificado, a "EAM passiva", uma embalagem na qual a composição inicial dos gases é aquela composição normal do ar atmosférico e que evolui de forma gradual junto com a respiração do produto embalado. Pessoalmente, creio que EAM ativa deveria se chamar de "EAM artifical" e EAM passiva de "EAM natural", ou algo do tipo. Além de ficar mais claro, evitaria a confusão com as "embalagens ativas". Mas as duas expressões já são amplamente utilizadas. E não vamos mudar isso agora.




2. As embalagens ativas


Além das suas funções "passivas" de contenção e proteção do produto, as embalagem ativas ajudam a prolongar a vida útil do produto "interagindo" com o mesmo.

A ideia de embalagem ativa consiste em incorporar, dentro da embalagem, componentes que liberam ou absorvem substâncias que prolongam a vida útil do produto, mantendo a sua qualidade, a sua segurança ou as suas características sensoriais por mais tempo. Por isso, embalagens ativas são essencialmente voltadas para produtos alimentícios e farmacêuticos.

Os principais tipos de componentes utilizados nas embalagens ativas são:


  • Absorvedores de umidade;
  • Absorvedores de oxigênio;
  • Absorvedores ou geradores de dióxido de carbono;
  • Absorvedores de etileno;
  • Agentes antimicrobianos;
  • Emissores de etanol.

Antigamente, esses componentes ativos eram incorporados na forma de sachês inseridos dentro da embalagem, como os saquinhos de sílica-gel. Mas agora, a tendência é incorporar estes componentes no próprio substrato da embalagem. Isso evita percepções negativas por parte dos consumidores que não percebe mais a presença do componente, e elimina também o risco de ingestão acidental, que seja por ruptura do sachê ou por engano do consumidor.

Além das pesquisas sobre novos componentes ativos, são os avanços constantes em coextrusão e em nanotecnologia que permitirão o desenvolvimento de novas e melhores embalagens ativas.

Mais antigas que as embalagens inteligentes, as embalagens ativas já representam um mercado significado e estão em franca expansão.



3. As embalagens inteligentes


Embalagens inteligentes são embalagens que interagem com o usuário. E o possível escopo desta interação é muito amplo. Na realidade, as duas únicas restrições são a imaginação e a tecnologia. E nenhuma das duas parece ter limites.

Uma embalagem inteligente pode comunicar dados sobre o estado de conservação do produto. Neste caso, é ao mesmo tempo uma embalagem ativa e uma embalagem inteligente. Mas pode também comunicar qualquer outro tipo de informação. E não precisa limitar a sua comunicação ao consumidor final. Pode comunicar com qualquer ator da cadeia, desde a etapa de envase até a etapa de reciclagem.

Com isso, as embalagens inteligentes podem cumprir uma série de novas funções transformadoras que se encaixam geralmente em uma destas seis grandes categorias:

  • Fornecer informações detalhadas sobre o produto, como o seu histórico de manufatura, instruções de uso e manuseio ou receitas;
  • Indicar o estado de conservação do produto, substituindo os prazos de validade impressos por dados reais baseados no monitoramento do ambiente;
  • Garantir a origem do produto, preservando as marcas e lutando contra a falsificação;
  • Gerenciar automaticamente o estoque com um inventário instantâneo dos produtos via RFID; 
  • Ajudar na gestão de uma cadeia inteira de suprimento via geolocalização.
  • Interagir com o consumidor final por meio do seu celular, eventualmente com aplicativos de realidade aumentada.

Na maioria dos casos, a comunicação é realizada por meio de circuitos eletrônicos impressos aplicados nas embalagens. São etiquetas inteligentes que se conectam sem fio com determinados aplicativos, agora muitas vezes instalados nos aparelhos celulares que a vasta maioria do grande público já possui. A gestão do sistema pode requerer também plataformas de armazenamento e tratamento de dados. As embalagens inteligentes não precisam necessariamente ser conectadas a internet. No entanto, muitas serão. Constituirão uma parte importante da internet das coisas (IoT), evoluindo em conjunto com outras tecnologias digitais.

É fácil entender porque as embalagens inteligentes despertam tanto interesse. As possibilidades que oferecem são quase infinitas.


4. O que embalagens ativas e inteligentes tem a ver com sustentabilidade?


Tudo!

Bem utilizadas, tanto as embalagens ativas quanto as embalagens inteligentes apresentam excelentes oportunidades para o desenvolvimento de soluções mais sustentáveis. Junto com os avanços em ciência dos materiais, estas embalagens turbinadas vão modelar o consumo do futuro.

Nada melhor que exemplos para ajudar a entender melhor estes conceitos e ilustrar as tecnologias que construirão esta revolução anunciada. Pode encontrar dezenas de exemplos de embalagens ativas e inteligentes na página Facebook "Embalagem & Sustentabilidade". Ou se preferir ficar no blog, os posts diários do mês de dezembro de 2015 e janeiro de 2016 estão também disponíveis diretamente neste site.


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Teddy Lalande. Jan/16. 

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